1 - Por que da obra de Maquiavel surgiu a idéia de que a política tem uma ética própria?
O famoso escritor florentino acreditava que política é um jogo de forças onde todos os meios de luta são legítimos e louváveis. Segundo ele, o fundamental é defender o Estado, pois este seria a única defesa dos bens materiais e espirituais dos homens contra a barbárie. Por acreditar que na ausência de governo instalar-se-ia o caos, ele se dedicou a expor detalhadamente como o governante deveria proceder para conquistar, praticar, manter o poder e impedir que o caos se instalasse. Assim, se para garantir o estado qualquer meio é admissível, então as éticas religiosa, moral e filosófica não se aplicam à política, ou seja, esta tem sua própria ética.
2 - Os EUA são um país hegemônico pelas armas e pelas idéias atualmente. Responda à luz das idéias de Gramsci: Por quais razões se diz que os EUA perderam a hegemonia espiritual nos últimos anos, ficando apenas com a hegemonia das armas? Qual das hegemonias você acha mais efetiva?
Segundo Gramsci, o estado é um conjunto complexo de atividades que a classe dirigente utiliza para manter e justificar os dispositivos coercitivos que aplica para exercer sua hegemonia. De modo totalmente análogo podemos observar a existência de hegemonia entre nações. Um país é hegemônico quando é capaz de impor dispositivos coercitivos sobre as demais nações. Com a queda da União Soviética, os Estados Unidos tornaram-se "a única superpotência" e começaram a utilizar a nova configuração de poder no mundo para expandir o seu domínio sobre todos os possíveis rivais. Em Outubro de 2001, os Estados Unidos iniciaram a sua "guerra ao terrorismo", bombardeando e invadindo o Afeganistão para eliminar a rede al-Qaeda, responsável pelos ataques em Nova York e Washington. Um ano depois, a administração Bush declarou que utilizaria força militar contra quaisquer "adversários potenciais... que aspirassem construir um poder militar com a esperança de ultrapassar, ou equalizar, o poder dos Estados Unidos" (The National Security Strategy of the United States, Setembro 2002).
Em março de 2003, os Estados Unidos tentaram obter das Nações Unidas uma resolução autorizando a utilização da força para "desarmar" o Iraque. O esforço acabou em uma derrota diplomática total. Com a oposição de três membros do Conselho de Segurança (França, China e Rússia), os Estados Unidos foram incapazes de coagir qualquer um dos demais membros — Angola, Camarões, Guiné, Chile, México, Paquistão — a votar em seu favor, mesmo com enormes pressões diplomáticas.
Claramente, os Estados Unidos falharam na tentativa de “convencer” os membros do conselho de segurança da ONU que seu ideário estava correto. Falharam na tentativa de obter apoio a uma ação armada contra o Iraque. Falharam na tentativa de demonstrar hegemonia “espiritual”. Contudo, numa prova cabal de que ainda dispõe de hegemonia militar, invadiram o Iraque e capturaram seu Ditador/Presidente Sadam Hussein.
Em minha opinião, as hegemonias da idéias e das armas se complementam. A hegemonia armada é muito dispendiosa para ser mantida e, com o passar do tempo, acaba por minar as estruturas econômicas do dominador como ocorreu com a URSS. Por outro lado, a idéias, por si só, não conseguem sustentar indefinidamente uma situação de hegemonia. Em algum momento haverá o desafio e este terá que ser enfrentado em diversas frentes de batalha, a intelectual e a armada.
3 - Por que o Estado, a longo prazo, deve desaparecer, na visão de Lênin, Marx e Engels?
A Revolução Russa encarna o conceito Leninista de Estado. Para ele, estado está associado à idéia de força e violência. Para Lenin, o Estado surge historicamente e faz a “mediação” dos conflitos entre as classes sociais.
A partir da doutrina marxista, Lenin desenvolveu as seguintes concepções:
1 - A existência de classes sociais teria sua origem no desenvolvimento histórico da produção.
2 - A luta de classes conduziria à ditadura do proletariado.
Finalmente, ele acreditava que a ditadura do proletariado seria apenas transitória, pois com a abolição de todas as classes, o Estado também poderia ser extinto. Assim, o Estado só existiria enquanto houvessem contradições a serem resolvidas e sufocadas. Findas essas contradições, findar-se-ia a razão de ser do Estado.
4 - Weber é institucionalista, isto é, considera que o nível político e a vontade humana determinam os acontecimentos. Já Marx entende que o nível econômico é determinante dos acontecimentos. Pesquise mais sobre o toque de idéias desses clássicos.
Marx e Weber investigaram as origens e o futuro do capitalismo. Suas abordagens eram bastante discordantes e podem, de certa forma, ser vistas como complementares. Marx acreditava no materialismo dialético, isto é, tudo é material que as mudanças ocorrem a partir das lutas entre as classes sociais. Ele cria que os homens construíam sua própria história e transformavam o meio ambiente para se ajustar a suas necessidades. De acordo com Marx, as sociedades evoluem através de estágios e o capitalismo é apenas um estágio intermediário a caminho do estágio final, o comunismo. A forma pela qual os homens criariam as organizações sociais seria baseada nos modos de produção. Assim, mudanças nas sociedades ocorreriam devido a mudanças nos modos de produção, ou seja, uma nova classe e uma nova forma de sociedade emergiriam graças às mudanças nos modos de produção.
Weber assume uma postura distinta, ele busca compreender como o capitalismo surge e aonde. Sua investigação procura por diferenças culturais entre os povos que abraçaram o capitalismo e aqueles onde isso não ocorreu. É assim que ele desenvolve a relação entre o capitalismo e a ética protestante.
Assim, enquanto Marx interpreta o capitalismo a partir de uma ótica materialista, Weber aborda o mesmo problema básico pelo ponto de vista social.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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