quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Certidão de nascimento das profissões de administrador e engenheiro de produção

Por quais razões pode-se até dizer que a obra “Administração Industrial e Geral”, de Fayol, é a certidão de nascimento da profissão de administrador enquanto “Princípios da Administração Científica”, de Taylor, é a certidão de nascimento da profissão de engenheiro de produção?


A certidão de nascimento é um documento que estabelece hora, local e origem de um ser humano. Isto é, a partir daquele momento, em um dado lugar, uma nova pessoa passou a existir. De modo análogo, para ser qualificada como a “certidão de nascimento” de uma profissão, uma obra deve ser a primeira a apresentar suas características mais relevantes. Só assim, tal obra poderá marcar, através da sua publicação, os dados de data, local e origem desta profissão.

Vejamos inicialmente a descrição da profissão de administrador baseada naquela apresentada no portal da administração (administradores.com.br). Cabe ao administrador elaborar planos, pareceres, relatórios, projetos, etc. em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de administração. O administrador deve saber utilizar princípios, técnicas e ferramentas administrativas, saber decidir e solucionar problemas. Deve também saber lidar com pessoas, comunicando-se eficientemente, negociando, conduzindo mudanças, obtendo cooperação e solucionando conflitos. O Administrador deve, ainda, ser criativo, cooperativo e bom líder ajudando os funcionários para que eles possam crescer junto com a empresa.

Ora, como sabemos, a “Administração Industrial e Geral” de Fayol constitui a primeira descrição sistemática sobre a forma de gerir uma empresa. De fato, podemos relacionar a descrição da profissão de administrador acima com os cinco elementos do ato de administrar apresentados por Fayol. Para facilitar a visualização, a comparação entre as idéias de Fayol e a descrição das habilidades do administrador é apresentada na tabela que se segue.



Elementos de Administração (Fayol) Descrição da Profissão

Prever                                              Elaborar planos

Organizar                                         Decidir e solucionar problemas

Comandar                                        Saber lidar com pessoas

Coordenar                                       Negociar e conduzir mudanças

Controlar                                         Obter cooperação e solucionar conflitos



É, portanto, razoável considerar a obra de Fayol como a verdadeira “certidão de nascimento” da profissão de administrador.

Voltemos agora nossa atenção à segunda parte do enunciado. Para tanto, devemos também analisar a descrição da profissão de engenheiro de produção. Uma das principais missões do engenheiro de produção é promover a expansão do consumo, por meio da redução do custo dos serviços e mercadorias e da maior eficiência dos sistemas produtivos. O engenheiro de produção é uma peça importante para que os empresários possam aumentar o volume de produção, fabricar bens capazes de competir no mercado e, ao mesmo tempo, oferecer à população produtos com preços mais baixos. O engenheiro de produção deve buscar sempre inovação e formas inéditas de fabricar novos produtos, racionalizar o trabalho, aperfeiçoar técnicas de produção e ordenar as atividades financeiras, logísticas e comerciais de uma organização. Ele também define a melhor forma de integrar mão-de-obra, equipamentos e matéria-prima e de avançar na qualidade e aumentar a produtividade.

Como sabemos, o trabalho de Taylor gira em torno de uma palavra-chave: eficiência. Ele propunha a decomposição, simplificação e sistematização do trabalho. Propunha também a utilização do saber-fazer. Era defensor intransigente da eliminação de desperdícios, elevação da produtividade pela aplicação de métodos e técnicas. Novamente, fica clara a identificação entre as idéias introduzidas por Taylor e a descrição da profissão de engenheiro de produção. Como “Princípios da Administração Científica”, de Taylor, foi a primeira obra a apresentar as características do engenheiro de produção faz sentido descrevê-la como sua “certidão de nascimento”.



Quais, na sua opinião, podem ser considerados aportes positivos do Taylorismo-Fordismo para a humanidade?

O fordismo se caracteriza pela produção em série e muitos o consideram como um aperfeiçoamento do taylorismo. Ford introduziu em suas fábricas as linhas de montagem, nas quais os veículos a serem produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada operário realizava uma etapa da produção. O método de produção fordista permitiu que a Ford Motor Company produzisse mais de dois milhões de carros por ano, durante a década de 1920. Ao contrário da produção artesanal, na produção em massa, o trabalhador repete uma tarefa usando sempre a mesma ferramenta. O operário não desperdiça tempo preparando materiais ou ferramentas. Desse modo, o tempo necessário para produzir um produto na produção de massa é bem menor que no processo artesanal.

O fordismo teve seu período áureo após a 2ª Grande Guerra. As décadas de 1950 e 1960 ficaram conhecidas como “Os Anos Dourados” do capitalismo. São considerados princípios fordistas:

• Intensificação;

• Produtividade;

• Economicidade.

Taylor e Ford conseguiram habilitar trabalhadores desqualificados (ex-escravos e imigrantes) para a indústria. Colocaram o trabalho como centro da vida, a disciplina férrea como estilo de vida e o acúmulo de patrimônio como um fim em si mesmo. Ainda, a administração baseada em eficiência, que preconizavam, permitiu a multiplicação na capacidade de produzir bens e serviços. Criaram, assim, as bases para a economia de massas ao gerarem simultaneamente uma massa de consumidores e grandes quantidades de produtos a serem consumidos.



Como se explica o círculo vicioso de produzir e consumir, de escravizar-se ao trabalho para conseguir consumir?

Mais uma vez, a dupla- Taylor e Ford - tem um papel preponderante na criação do consumismo. A busca incessante pela eficiência, que eles iniciaram, tem o aumento da produção como sua natural conseqüência. Ora, esta produção tem que ser vendida. Logo, é necessário que haja um mercado para consumi-la. Os trabalhadores são estimulados, através do marketing, a consumirem cada vez mais. Não surpreende, pois, que Ford seja considerado o “pai do marketing”. Para poderem consumir mais, os operários devem trabalhar mais e o processo forma um “loop” interminável tornando capital e força de trabalho aliados na manutenção desta situação. É claro que quando há um desequilíbrio entre produção e massa salarial temos uma crise.



Por que o Tio Patinhas pode ser considerado um símbolo da cultura americana?

O personagem Tio Patinhas, cujo nome original em inglês é Scrooge McDuck, foi inspirado em Ebenezer Scrooge, o velho avarento da obra “A Christmas Carol” de Charles Dickens. Seu nome original reflete a origem escocesa do personagem. Neste caso, ele se identifica com a maioria da população americana que é formada por descendentes de imigrantes. Tio Patinhas inicia sua vida humildemente e sobe a escala social através de muito trabalho e seu talento financeiro. Assim, ele reflete o “self-made man” tão prestigiado na cultura americana. Scrooge torna-se o pato mais rico do mundo e mantém a maior parte de sua riqueza guardada em um cofre. Seu prazer maior é nadar em seu dinheiro. Para seu amuleto, ele guarda a primeira moeda que ganhou. O valor total da riqueza do Tio Patinhas não é claramente conhecido. É claro, contudo, que ele nunca considera ter acumulado riqueza suficiente. Estas últimas características são projetadas a partir dos princípios morais e éticos do calvinismo religioso que foi trazido para a América pelos peregrinos. Seu comportamento evidencia a importância do acúmulo de bens como um fim em si mesmo.



Por que a moderna democracia é considerada um legado dos EUA?

A Revolução Americana de 1776, movimento de ampla base popular, teve como principal motor a burguesia colonial e levou à independência das Treze Colônias - os Estados Unidos da América. Thomas Jefferson, democrata de idéias avançadas, redigiu a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, promulgada em 4 de Julho de 1776. Os EUA foram os primeiros a adotarem uma constituição política escrita. É a mais curta e mais velha constituição escrita de qualquer país soberano.

A declaração justificava a independência dos EUA por uma lista de atos extorsivos praticados pelo Rei George III da Inglaterra. A declaração apresentava também certos direitos naturais das nações que incluíam o direito à revolução.

Esta declaração é particularmente famosa pela seguinte sentença que explica os “direitos naturais”:

“We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.”

(Consideramos evidente que todos os homens são criados iguais e que receberam do Criador certos direitos inalienáveis tais como: Vida, Liberdade e a busca pela Felicidade.) tradução livre minha.

Esta passagem, por ser costumeiramente empregada para promover o direito de grupos minoritários e representar um padrão moral que os EUA buscam aplicar e/ou impor, merece ser considerada um legado dos EUA.

Por que os EUA se consideram aptos, moralmente, para intervir em outros países e estabelecer “democracia”?

Embora os fundadores (Founding fathers) dos EUA não tenham usado o nome democracia explicitamente, basearam a estrutura desta nação em um princípio de liberdade, igualdade e fraternidade de origem iluminista. A constituição americana, adotada em 1788, determinava que o governo fosse eleito e que os direitos civis e liberdades individuais fossem preservados. Deste modo, por serem os primeiros e maiores democratas, os americanos julgam-se moralmente aptos a intervir em outros países.

Os EUA têm, ao longo da história, praticado a “exportação da democracia” através da intervenção militar. Pelo menos, esta tem sido a justificativa que os lideres americanos têm usado para realizarem ataques à soberania de outras nações. Na prática, esta estratégia é baseada numa visão bastante realista de que a política de outras nações pode produzir impacto sobre a habilidade americana em garantir sua segurança, seus interesses econômicos e o “American way of life”.





Em que medida e como as seitas protestantes deram vigor ao capitalismo americano?



A questão de como se relacionam o calvinismo e o capitalismo, apesar de não ter alcançado consenso entre os estudiosos, popularizou-se a partir do estudo A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo publicado em 1904 pelo alemão Max Weber (1864-1920). Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos. Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um "espírito capitalista" que fez do lucro e do ganho um dever. Isso, segundo Weber, gerou o individualismo e estimulou que os fiéis vivessem uma vida disciplinada, apegada ao trabalho e à poupança. Finalmente, transportado para fora dos templos e um pouco deturpado, o espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.

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