O legado de Peter Drucker
Peter Drucker, o pai da administração moderna, podia mudar o modo com que os líderes corporativos mais poderosos dos Estados Unidos administravam os negócios. Drucker trouxe à tona princípios de gerenciamento tais como a inovação, o empreendedorismo e estratégias dinâmicas que refletem as mudanças aceleradas do mercado.
Na década de 50, revolucionou os modelos de gestão vigentes afirmando que são as pessoas o recurso mais valioso de uma organização. Priorizou o marketing e a inovação sobre as dimensões financeiras. Previu a chegada do que chamou de "a era do profissional do conhecimento".
Considerava que os seres humanos deveriam ser o principal foco da administração. Os trabalhadores de conhecimento podem, em tempos favoráveis, mudar facilmente de emprego. A maioria dos executivos ainda precisa aprender que a única maneira de uma empresa competir num mundo em que todos têm acesso aos mesmos recursos, inclusive tecnologia e informação, é fazer indivíduos, que são pessoas comuns, produzirem resultados extraordinários.
O conflito de interesses entre a pressão pela dedicação total ao trabalho e satisfação pessoal revela para Drucker má administração. Segundo Drucker, uma empresa bem administrada é certamente atarefada, mas é um lugar relaxado. A correria significa que as coisas realmente importantes não estão sendo feitas. Uma organização que exija que seu pessoal se torne "workaholic", verá seus resultados ruírem.
Drucker, à frente de seu tempo, destacava o papel social e holístico da Administração, por lidar com pessoas, seus valores, seu crescimento e desenvolvimento, estrutura social, a comunidade e até com preocupações espirituais.
Apesar de não haver determinado um conjunto de características capaz de descrever o líder ideal, considerava que o que distingue o bom e o mau líder são suas metas. Ressaltou a importância do líder: inspirar confiança e possuir integridade em suas ações. A liderança estratégica deve criar uma visão positiva do futuro, ser contagiante e envolvente, para que todos se sintam mobilizados para fazer parte da comunidade que construirá a nova realidade. A visão deve inspirar a ação.
Dedicou atenção ao terceiro setor, destacou a dificuldade recorrente nas ONGs em construírem indicadores e avaliarem resultados, na falta do lucro financeiro como medida de avaliação. Considerava essas instituições como agentes de mudanças humanas. Portanto seus resultados são mudanças em pessoas - de comportamento, condições, visão, saúde, esperanças e, acima de tudo, de sua competência e sua capacidade.
Vejamos algumas de suas mais famosas citações:
"A missão é algo que transcende o dia de hoje, mas orienta e informa hoje". Deve ser simples e clara, para que todos a compreendam e se comprometam com ela. Seu cumprimento requer senso de oportunidade, competência e compromisso.
"Na Era do Conhecimento o sucesso sorri para os que sabem administrar seus pontos fortes e fracos."
"A maioria das pessoas concentra-se em melhorar nas áreas em que tem baixa competência, o que é um equívoco."
"A energia, os recursos e o tempo devem ser dirigidos para transformar uma pessoa competente em um astro em desempenho."
"Carreiras de sucesso não são ‘planejadas’. Ocorrem porque há pessoas preparadas para aproveitar as oportunidades."
"As organizações precisam ter valores e as pessoas também. Para que uma pessoa seja eficaz numa organização, os valores de ambas devem ser compatíveis."
Assim, "A pergunta não é: "Com o que eu quero contribuir?" Também não é: "Com o que me dizem para contribuir?" Ela é: "Com o que eu devo contribuir"? Esta é uma pergunta nova na história da humanidade."
Drucker preocupou-se também com a preparação para a segunda metade da vida, dizendo que o autogerenciamento exige planejamento para a segunda metade da vida, porque, se os trabalhadores manuais que trabalharam por 40 anos ficam "acabados", os trabalhadores do conhecimento podem - e querem - enfrentar outros 15 anos de atividade.
Perceber no aumento da expectativa de vida ativa uma oportunidade para si e para a sociedade é a fibra que tecerá histórias de sucesso na “Era do Conhecimento".
Há três maneiras de preparo para essa segunda fase da vida, segundo Peter Drucker:
- Iniciar uma nova carreira ao aposentar-se, diferente da primeira;
- Desenvolver uma carreira paralela ainda na vida ativa;
- Ser um empreendedor em busca de novos desafios.
Drucker identificou a "sociedade do conhecimento" como a base do negócio moderno e fez afirmações bombásticas como:
“As corporações, como nós conhecemos hoje e que têm agora 120 anos, não devem sobreviver aos próximos 25 anos. Legalmente e financeiramente sim, mas não estruturalmente e economicamente. A incessante busca do conhecimento e de aprimoramento educacional, dos tempos atuais afetará a estrutura das corporações.”
"A maioria das camadas gerenciais que compõem a estrutura das organizações é de simples retransmissoras de informação que enriquecem pouco o processo. No futuro serão necessárias poucas camadas e para as retransmissoras será necessário muito conhecimento e habilidade. A má notícia é que o conhecimento fica obsoleto muito rápido."
Já em 1954, Drucker registrava em um de seus livros: “The Practice of Management” as tarefas básicas da empresa: a inovação e a satisfação do cliente, isto é, a criação de valor e de riqueza. Para estabelecer regras de inovação, é necessário liderança em mudanças, não apenas inovação em si. Há alguns anos, todas as empresas queriam ser inovadoras, mas se não forem "empresas líderes em mudanças", não conseguirão, pois inovação consegue-se com trabalho duro e busca sistemática, sendo impossível predizer o resultado.
A revolução da informação não se trata de uma revolução tecnológica, de maquinaria, de técnicas, de software ou de velocidade, mas de conceitos!
Os impactos revolucionários percebidos até hoje têm ocorrido somente nas operações. No entanto, o computador e as tecnologias de informação ainda não promoveram qualquer impacto na área de decisões.
A alta gerência não usa as novas tecnologias, porque não lhes dão as informações necessárias. As informações disponíveis continuam a ser baseadas no fato de que custos mais baixos diferenciam as empresas e determinam a sua competitividade. Porém, a preservação do patrimônio e o controle dos custos não são tarefas da alta gerência. São operacionais.
Uma grande desvantagem de custo pode destruir um negócio. Mas o sucesso depende de algo diferente: a criação de riqueza e valor, o que exige decisões que implicam riscos: na estratégia delineada, no abandono do que está obsoleto, na crença na inovação, no equilíbrio entre o curto e o longo prazo, ou no balanceamento entre a rentabilidade imediata e a fatia de mercado. Estas decisões são as verdadeiras tarefas da alta gerência.
A mais importante tarefa a ser desempenhada por um sistema de informações relevante para a alta gerência será a obter e organizar informações externas à empresa. No interior das empresas existem apenas custos. Os resultados estão no lado de fora. Sobre o exterior (clientes, competidores, mercados, tecnologias) há poucas informações.
Poucos estão atentos à variação do montante de gastos dos clientes em produtos e serviços em cada indústria.
Projetar o futuro é essencial, pois o valor econômico de uma empresa está no seu futuro. Isto significa planejar. No livro “Administrando em tempos de grandes mudanças”, Drucker desloca as bases tradicionais de raciocínio dos executivos. Perguntas como: o que é mais provável que aconteça? Dão lugar outra: o que já aconteceu que criará o futuro?
Planejar para a incerteza exige uma leitura crítica do passado e do presente, para entender a partir de quais fatos já consumados (ou a caminho da consumação) se pode identificar forças e fraquezas e criar oportunidades. São os fatos portadores de futuro.
Quanto à Internet, considerava que seu impacto mais importante é psicológico e não econômico. Ela partilha informações e valores sociais e econômicos. Uma implicação disso é que as marcas se tornarão mais importantes e difíceis de manter.
Drucker buscou, identificou e examinou as questões mais importantes que confrontam os gerentes, desde estratégia corporativa até o estilo gerencial e as mudanças sociais.
A empresa eficaz, observa Peter Drucker, focaliza oportunidades em vez de problemas. Como esse foco é atingido para fazer a organização prosperar e crescer. Os desafios administrativos que o futuro nos reserva é o que importa, pois questões como estratégia competitiva, liderança, criatividade, trabalho em equipe, se tornaram questões do passado.
"O conhecimento é o único recurso econômico que faz sentido". Na "Era do Conhecimento", as empresas mais bem sucedidas serão aquelas capazes de aprender mais rápido que seus concorrentes. Para isso, é fundamental que elas se comuniquem, mais e melhor - interna e externamente - utilizando-se de linguagem objetiva, correta e concisa.
E todo esse conhecimento que nos deixa como legado, não tem preço. extraído de
acessado em 2 dez. 2009
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