Solução:
O coeficiente ou índice de Gini foi desenvolvido pelo matemático italiano Conrado Gini para comparar a desigualdade de distribuição de renda entre países. Ele é um parâmetro que varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo do zero menor é a desigualdade de renda num país, ou seja, melhor a distribuição de renda. Quanto mais próximo do um, maior a concentração de renda num país. O índice Gini é muitas vezes apresentado em pontos percentuais, isto é, coeficiente x 100. O Índice de Gini do Brasil relativo ao ano de 2008, divulgado em 2009 foi de 0,544. O que demonstra que nosso país tem uma alta concentração de renda. Para termos condição de realizar uma comparação, o Índice de Gini da Argentina em 2007 era 0,49; do México era 0,48 e da Alemanha, 0,27. No período de 1968 a 1973, os indicadores de qualidade de vida da população despencam. A mortalidade infantil no Estado de São Paulo, o mais rico do país, salta de 70 por mil nascidos vivos em 1964 para 91,7 por mil em 1971. No mesmo ano, registra-se a existência de 600 mil menores abandonados na Grande São Paulo. Em 1972, de 3.950 municípios do país, apenas 2.638 têm abastecimento de água. Três anos depois um relatório do Banco Mundial mostra que 70 milhões de brasileiros são desnutridos, o equivalente a 65,4% da população, na época de 107 milhões de pessoas. O Brasil tem o 9º PNB do mundo, mas em desnutrição perde apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas. Fica claro, então, que o acúmulo de renda nas camadas mais favorecidas da sociedade durante o milagre brasileiro fez com que o índice de Gini crescesse no período.
Segundo os dados que pude levantar no sítio: http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx
(visitado em 25 de março de 2011), a inflação medida pelo índice geral de preços (IGP) durante o “milagre brasileiro” fica aproximadamente estável. Os valores do IGP e os anos são apresentados na figura abaixo. O rápido crescimento da inflação só acontece a partir de 1974 com a chegada da “crise do petróleo”.
5. Responda às questões 3, 4 e 5 da unidade 3, atividades de aprendizagem, página 108 do fascículo.
http://www.guiadacarreira.com.br/wp-content/uploads/simulado-enem-2009//q9g2_mat_enem2009.png |
a) Com relação ao que foi estudado, procure listar os fatores principais que fazem com que o Brasil continue classificado entre os países com os piores níveis de distribuição de renda do mundo.
b) Que fatores levaram ao descontrole inflacionário no final de 1980, início dos 1990?
c) Liste as políticas que os governos têm disponíveis para reduzir a desigualdade.
Solução:
a) Segundo a ONU, conforme divulgado pela repórter Carolina Brígido, O Globo de 23 de julho de 2010, ocupamos a terceira pior posição mundial na distribuição de renda, ao lado do Equador e abaixo até de Uganda. Na América do Sul, perdemos para a Argentina, e também para o Chile e o Uruguai. A desigualdade social é muito maior no Brasil. Basta dizer que 50% dos quase 59 milhões de domicílios que possuímos não são atendidos por rede tratada de esgotos. O déficit habitacional está em torno de 12 milhões de moradias, equivalendo a praticamente 50 milhões de pessoas. O salário mínimo é baixíssimo em comparação com aqueles de países desenvolvidos. Por outro lado, o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo com um Produto Interno Bruto anual de 2 trilhões de dólares! Assim como disse antes, o bolo cresceu e nunca foi dividido!
b) A década de 80 foi perdida no que se refere à evolução da renda. Dois fatores se combinaram para produzir este efeito. Por um lado, houve uma brutal redução do ritmo do crescimento da renda, devido ao endividamento criado durante a crise do petróleo. Por outro lado, a inflação alta atingiu ferozmente os mais pobres. A combinação desses dois efeitos perversos sobre a renda foi a ausência de melhorias significativas na redução da pobreza.
c) A forma mais usual de corrigir desequilíbrios na estrutura de riqueza e rendimentos é por meio dos impostos. Em nosso país, tem sido utilizada outra estratégia: as políticas sociais. Assim, os diferentes governos têm lançado, regularmente, programas sociais como a distribuição de alimentos, remédios ou a atribuição de uma renda mínima para as famílias mais pobres. Há fortes indícios que, apesar da multiplicação dos programas específicos de ajuda aos mais pobres, a desigualdade tem se mantido praticamente inalterada desde os anos 1980. O sucesso do plano real e a queda da inflação removeram u elementos que cristalizavam a péssima distribuição de rendas. O governo FHC introduziu uma política de bolsas. No governo Lula, as desigualdades continuaram a serem tratadas com práticas de políticas sociais que aumentaram em abrangência e complexidade. O “bolsa-família”, por exemplo, estendeu-se a mais de 10 milhões de domicílios; o Prouni atende a cerca de 200 mil estudantes em nível superior por ano. Embora o impacto desses programas não seja desprezível, a desigualdade se mantém em níveis elevados. Creio que o impacto destas políticas sociais é menor do que se espera por estes programas sociais preferirem dar o peixe ao invés de ensinar a pescar, serem objeto de forte uso eleitoreiro e estimularem um dos principais males do país, a corrupção.
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