segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cronicamente Inviável II - A Busca pela Felicidade?



A reflexão abaixo se refere ao trecho do filme "Cronicamente Inviável" que pode ser visto em:

O personagem Alfredo enquanto assiste ao carnaval da Bahia faz a seguinte reflexão:

“Uma perfeita forma de dominação autoritária, a felicidade! Mas é interessante como ainda se insiste em criticar a Bahia. É claro que é só inveja da genialidade do projeto baiano. Enquanto o resto do mundo se esforça para dominar as massas, seja pelo capitalismo, socialismo, a guerra, a evolução, até o consumo; eles não! Eles só fazem o suficiente para gerar felicidade. Mantém todo mundo pobre, colocam um som pra tocar e pronto! Tudo bem que eles sejam gênios, mas por que aqueles que não querem ser felizes são obrigados a participar? Se todo mundo prefere ficar feliz, por que a gente não desiste de vez da bandeira da ordem e progresso e assume definitivamente esta ficção barata da felicidade moribunda, podre, mijada; essa imagem aprimorada da brasilidade enlatada que é boa pra todo mundo?”


Eu fiquei bastante confuso, como pode a felicidade ser uma tática de dominação? Qual é, afinal, o objetivo da vida? Não seria ser feliz? Entramos nos tortuosos domínios da filosofia! 


Depois de alguma reflexão, ainda sem convicção, conclui que escolher a "esta ficção barata da felicidade moribunda, podre..." é um direito de qualquer indivíduo ou sociedade. Entretanto, esta escolha só será válida se for tomada com a consciência do que se está pagando por ela. Lembrando o curso de Economia;


O processo de tomada de decisão envolve quatro princípios:

Primeiro: as pessoas precisam fazer escolhas, e essas escolhas não são de graça.

Segundo: o custo real de alguma coisa é o que o indivíduo deve despender para adquiri-la, ou seja, o
custo de um produto ou serviço refere-se àquilo que tivemos que desistir para conseguir compensar com
outra coisa.
 
Terceiro: as pessoas são consideradas racionais e, por isso, elas pensam nos pequenos ajustes incrementais
de todas as suas decisões, nos ganhos adquiridos em função das suas escolhas.
 
Quarto: as pessoas reagem a estímulos. Como elas tomam suas decisões levando em conta os benefícios
e seus custos, qualquer alteração nessas variáveis pode alterar o comportamento da sua decisão. Assim,
qualquer incentivo que ocorra pode alterar a conduta do tomador de decisões.


Acho que este último princípio é bastante significativo. Se eu já sou feliz, para que mudar?

É do interesse geral de quantos detenham as posições de mando de sistemas políticos que o processo de aprendizado político dos atores do sistema não produza efeitos que possam ameaçar seriamente o modo de dominação política existente. Inversamente, pode ser do interesse de atores dissidentes que ocorra exatamente o contrário. Este é, em minha opinião, o cerne da questão política, porque ele relaciona aquele processo de aprendizado com o objetivo das reflexões dos cientistas políticos: o estudo do poder.


Para quem será que esta escolha por uma "brasilidade enlatada"  convém?

 






quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cronicamente Inviável (2000)


Oi, Pessoal,

Estive procurando por informações sobre o filme que o Prof. Rafael mandou que comentássemos no forum. Achei esta sinopse que segue.

Achei também alguns trechos no youtube:


Espero que gostem. Não é meu estilo de filme ...

Cronicamente Inviável (2000)

As relações entre frequentadores, proprietários e empregados de um prestigiado restaurante de São Paulo são as pedras de toque para descortinar uma ácida visão da crise brasileira. Entram em foco as mais surpreendentes situações de aproximação e conflito entre diferentes raças e classes sociais, de várias regiões do país, revelando, sem qualquer concessão, a impossibilidade de uma cultura nacional homogênea.

Alfredo viaja pelo Brasil realizando pesquisas para escrever seu novo livro. Vive e tenta compreender os problemas de dominação e opressão social. Adam, descendente de poloneses, sofre com a discriminação de outros imigrantes europeus em sua cidade no Paraná. As histórias de um e outro convergem para o restaurante em São Paulo, onde Adam vai trabalhar como garçom e Alfredo encontrar os amigos: Luís, Maria Alice, Carlos e Amanda. Maria Alice e Carlos são um casal de família tradicional do Rio de Janeiro. Ela tem uma postura idealista diante dos problemas sociais. Carlos é um economista que acredita no pragmatismo e na racionalidade do capitalismo. Amanda, de origem pantaneira e passado nebuloso, é gerente do restaurante. Luís, o proprietário, é um homem de meia idade, refinado, com a distinção das boas maneiras, ao mesmo tempo irônico e pungente. Acredita na civilidade como forma de defesa ante a violência social.

Adam introduz a subversão na ordem do restaurante. Destaca-se dos demais empregados tanto pelo aspecto físico, quanto por sua insubordinação e virulência. Sua presença expõe a fragilidade dos acordos sociais e a desestabilização atinge a todos, incluíndo Luís e Amanda. Numa noite em que o restaurante é assaltado, Luís é seviciado. Adam intervém e leva um tiro. Alfredo prossegue sua viagem. Na Amazônia, defronta-se com o garimpo predatório e as imensas queimadas. Na selva, sofre um ferimento na perna. Maria Alice, no Rio, é submetida a outros assaltos e violência. O marido continua tirando proveito da bagunça típica do país, mas não consegue entender-se com trabalhadores como os motoristas de táxi, que dirigem a toda velocidade, desrespeitando todas as regras de sobrevivência no trânsito.

Na última cena, estão todos reunidos no restaurante, num jantar de despedida para Luís, que decidiu morar fora do país, por preferir uma violência "explícita e civilizada". Carlos está com a mandíbula fraturada, conseqüência de um acidente. Alfredo teve que amputar a perna. Adam ficou paralítico. Maria Alice tornou-se uma megera ressentida. Amanda é uma executiva de sucesso, proprietária de uma casa de adoção, fachada para o tráfico de órgãos de crianças para a Europa.

Sinópse de Antigona de Sófocles

Se você, como eu, tem pouco conhecimento do Teatro Grego Clássico. Segue uma breve (e talvez pouco precisa) sinopse da peça de Sófocles: Antígona
Antígona - Sinopse

Finda a guerra entre Eteócles e Polinices pelo trono de Tebas. Os dois irmãos morrem em combate mútuo. Eteócles é enterrado com todas as honras de herói tebano, enquanto Creonte, tirano da polis e tio de ambos proibe que a Polinices seja dispensado quaisquer atenções.  Antígona avisa a Ismene (as duas irmãs dos mortos) que o tirano ameaça punir com a morte aquele que desobecer sua ordem. Mesmo assim, Antígona decide enterrar Polinices, afrontando ao regente. Flagrada cobrindo o cadáver de cinzas, conforme o costume funebre tebano, Antígona é levada a Creonte e condenada à morte.
Tirésias, o profeta, antevê desgraças para Creonte se mantiver sua sentença contra Antígona, pois essa desagradaria aos deuses. Após alguma relutância, Creonte volta atrás.  Todavia já era tarde demais para o tirano. Antígona se enforcara, deixando Haemon, seu futuro marido e filho de Creonte, em desespero. Responsabilizando o pai pelo suicídio de Antígona, Haemon suicida-se.  Eurídice, mulher de Creonte e mãe de Haemon, ao saber dos acontecimentos, também se mata. A Creonte restaria somente lamentar sua triste sina.
Preservou o trono , mas perdeu a família!!

O Descobrimento do Brasil - Seminário de Cultura - Jeitinho Brasileiro

Oi, Pessoal,

Acabo de abrir o site do curso e verificar alguns aspectos da disciplina EAD 355: Seminário Temático de Cultura

No seu texto de apresentação da disciplina, os professores (Janete e Rafael) nos propõem a seguinte questão:

" Que país é esse?"

Na unidade I é apresentada e discutida a formação do Brasil. Nas palavras dos próprios professores:
Iniciaremos nossa reflexão sobre o Brasil, os brasileiros, nossa História e nossa cultura partindo do Processo Colonizador. As primeiras narrativas Históricas construiram o mito de uma paisagem abençoada por Deus e ao mesmo tempo habitada por selvagens. A imagem do Brasil e dos brasileiros como uma natureza paradisíaca e uma humanidade ameçadora ainda são representações atuais?

Acho que dentro desta linha, nada seria mais apropriado, inclusive com a data de hoje (22 de abril), que relembremos a carta de Caminha ao Rei de Portugal. Achei interessante a discussão apresentada em:



 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_a_El_Rei_D._Manuel

acessado em 22 de abril de 2010.


É de grande interesse, para nosso curso de Administração Pública, o pedido que Caminha faz no último parágrafo da Carta.  Eis o trecho final com o referido pedido:

"E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê."

Caminha queria que D. Manuel libertasse da prisão o esposo de sua filha Isabel, preso por assalto e agressão. Acho que a carta de Caminha é a certidão de nascimento do "Jeitinho Brasileiro".

Arnaldo

terça-feira, 20 de abril de 2010

Entrevista de Aécio Neves

Oi, Pessoal,

Espero que vocês tenham gostado da dica de ontem e já tenham visitado o acervo digital da revista Veja.
Desta vez, sugiro a leitura da entrevista do ex-governador de Minas, Aécio Neves. Esta é apresentada nas páginas amarelas da edição: 2159 de 07 de abril de 2010. Ele fala sobre política e sobre o "choque de gestão" que foi cobrado na prova de Teoria Geral de Administração II.


Boa leitura a todos,


Arnaldo

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dica de Caráter Geral: Veja acervo digital

Oi, Pessoal,

Um dos sites mais interessantes para se obter informações valiosas (e gratuitas)  para os estudos e tarefas do curso de Administração Pública é:

http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx


Você pode ler as revistas como se as tivesse em suas próprias mãos. Há a possibilidade de ampliar as imagens, etc.


Estão disponíveis todas as edições, desde de 1968 até 14 de abril de 2010!!
Boa Leitura e Diversão a todos!!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Microeconomia


As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa. Visam definir as ações que permitirão à empresa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro são extraídos da teoria Microeconômica. Questões relativas à composição de fatores produtivos, níveis “ótimos” de vendas e estratégias e determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias do nível Microeconômico.


A mensuração de preferências através do conceito de utilidade, risco e determinação de valor está fundamentada na teoria Microeconômica. As razões para depreciar ativos também derivam desta área da Economia, a análise marginal é o princípio básico que se aplica em Administração Financeira; a predominância desse princípio sugere que apenas se deve tomar decisões e adotar medidas quando as receitas marginais excederem os custos marginais.

Quando se verificar essa condição, é de se esperar que uma dada decisão ou ação resulte num aumento nos lucros da empresa. A importância da análise marginal na tomada de decisões financeiras se tornará evidente nos capítulos subseqüentes, em resumo, é necessário possuir conhecimentos de Economia para se entender o ambiente financeiro e as teorias de decisão que constituem a base da Administração Financeira contemporânea.

A Macroeconomia fornece ao Administrador  uma visão clara das políticas do Governo e instituições privadas, através da quais a atividade econômica é controlada. Operando no “campo econômico” criado por tais instituições, o Administrador vale-se das teorias Microeconômicas de operação da firma e maximização do lucro para desenvolver um plano que seja bem-sucedido. Precisa enfrentar não só outros concorrentes em seu setor, mas também as condições econômicas vigentes.

Macroeconomia


Macroeconomia


A Macroeconomia estuda a estrutura institucional do sistema bancário, intermediários financeiros, o Tesouro Nacional e as políticas econômicas de que o Governo Federal dispõe para controlar satisfatoriamente o nível de atividade econômica dentro da economia. Deve ficar claro que a teoria e a política macroeconômica não conhecem limites geográficos; antes, elas visam estabelecer uma estrutura internacional segundo a qual os recursos fluam livremente entre instituições e nações, a atividade econômica seja estabilizada e o desemprego possa ser controlado.

Uma vez que a empresa deve operar no âmbito macroeconômico, é importante que o Administrador Financeiro esteja ciente de sua estrutura institucional. Precisa também estar alerta para as conseqüências de diferentes níveis de atividade econômica e mudanças na política econômica que afetam seu próprio ambiente de decisão.

Sem compreender o funcionamento do amplo ambiente econômico, o Administrador não pode esperar obter sucesso financeiro para a empresa. Deve perceber as conseqüências de uma política monetária mais restritiva sobre a capacidade da empresa obter recursos e gerar receitas. Precisa ainda conhecer as várias instituições financeiras e saber como estas operam para poder avaliar os canais potenciais de investimento e financiamento.

Filosofia e Ética – Selvino José Assman – pg 117 a 161 - Parte 2


Responsabilidade Social na Administração Pública Brasileira


Não se resolve o problema da ética profissional isoladamente, sem tomar em consideração o campo mais vasto e complexo da ética. E nem se pode por o problema ético geral só a partir de uma diversidade de profissões.

Os códigos de ética profissional são, de fato, códigos de defesa de interesses corporativos de uma classe. A profissão se tornou uma gaiola de aço dos seres humanos modernos. Não podemos mais escolher se vamos ter, ou não, uma profissão: somos obrigados a tê-la se quisermos sobreviver. Esta gaiola se tornou tão normal para nós que nem pestanejamos em exigir que cada profissional se torne o carcereiro de sua própria “prisão”.

Responsabilidade Social das empresas: comprometimento permanente dos empresários de adotarem um comportamento ético e contribuírem para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados, da comunidade e da sociedade como um todo.

Deve-se ter cuidado em aceitar que responsabilidade social das empresas seja equivalente a responsabilidade moral. Friedman escreveu “A responsabilidade social do negócio serve para aumentar o lucro”. Tanto a responsabilidade social quanto a ética profissional podem ser vistas como soluções cínicas para a falta de ética na sociedade atual.


Administração Pública Brasileira e Ética

Espera-se que toda a administração pública tenha características de correção moral mais intensas do que aquelas que se exige de um empregado da iniciativa privada. Estas características são descritas no artigo 37 da constituição federal. Em tempos nos quais a política transformou-se em simples meio para o bom funcionamento da economia, os interesses individuais se sobrepõem de forma evidente ao coletivo, a administração pública tem dificuldades enormes para manter o interesse público acima dos interesses privados hegemônicos na sociedade.

Normalmente defendemos que a democracia é a salvaguarda da relação entre ética e política. Ser democrático virou sinônimo de bom cidadão; para o administrador público ser democrático tornou-se equivalente a ser bom administrador. Temos o hábito de dizer que somos éticos e que todo adversário ou inimigo é antiético. Entretanto, muitas vezes a democracia tornou-se jogo sem regras, em que vale apenas tirar vantagem em tudo. O reconhecimento do outro como digno de respeito e o reconhecimento de si mesmo como capaz de cometer erros são dois pressupostos de qualquer moralidade pública ou privada.

Roberto da Matta diz que, no Brasil, há 2 modos de abordar a situação: numa perspectiva é privilegiado o indivíduo, na outra perspectiva o centro é a pessoa (Você sabe com quem está falando ?). O espaço que privilegia o indivíduo é a “rua” e aquele que tem como centro a pessoa é a “casa”. A pessoa merece solidariedade e um trabalho diferenciado. O indivíduo, ao contrário, é o sujeito da lei, foco abstrato para quem as regras e a repressão foram feitas. Há de algum modo, 2 éticas, enquanto há um confronto entre um país moderno e um país tradicional, com sua moral “familística” e de relações pessoais.

Se uma das premissas básicas do “poder à brasileira” é que o alto administrador tudo pode, e, assim, não precisa dar satisfação a ninguém, exceto, é claro ao “povo” ou “ao Brasil” por suas ações, por que então o governo teve que inventar esta chatice de ética? Por isso, é habitual haver modificação na estrutura do estado, sem a correspondente modificação na conduta do funcionalismo. O bem público governado sem ética é terra de ninguém, ou, uma terra exclusiva de cada um que toma posse do estado, de cada um que privatiza este bem. Tomar posse de um cargo público não pode equivaler a ser dono ou proprietário privado do que é público. Ele deve passar a ser um bem de todos, impedindo a qualquer cidadão, ou grupo familiar que se apropriem dele como quiserem. É importante estarmos submetidos às mesmas leis, e em primeiro lugar os próprios administradores públicos.

Se como cidadão, aceitarmos sonegar impostos, ou descumprir as leis, como podemos continuar dizendo que toda a “culpa” pelos males sociais dependem apenas dos políticos?

Em síntese, não haverá melhora moral na política se pensarmos apenas nos administradores públicos e nos políticos, e se não pensarmos também na moralidade comum das pessoas, dos cidadãos em geral.

Filosofia e Ética – Selvino José Assman – pg 117 a 161- Parte 1


A Ética e a Política


O ato de administrar envolve relações entre pessoas, seja na política, na economia, na fábrica, em qualquer organização humana. A administração é sempre um exercício do poder. É neste exercício, o exercício do poder, que se situa a relação entre ética e política. Em geral, o poder é visto como algo que se impõe aos outros, exigindo destes a obediência. Assim, todo poder seria uma forma de violência.

“Se o poder político fosse inevitavelmente corrupto, seria ilusório clamarmos por ética na política.”

A convicção de que falta ética em praticas individuais ou coletivas, e de que falta ética na política, não só revela que estamos insatisfeitos com a forma de nos comportarmos em nossas práticas cotidianas, com o comportamento dos políticos, mas que já não sabemos o que é bom e o que é mau!!

Kant: “falar de falta de ética seria indício, em quem faz a denuncia, de uma falta de coragem para ser autônomo, de uma falta de responsabilidade, preferindo-se a comodidade da heteronomia, que sustenta o espírito crítico de tantos cidadãos”.

É possível ter ética na política?

De acordo com Maquiável, passando pelos liberais e pelos socialistas, não é possível a ética na política porque os políticos não podem ser bons porque os seres humanos também fora da política não são bons. Ao contrário, na idade antiga, Platão e Aristóteles sustentavam que ética e política deveriam combinar.

Em ultima instância, o poder político é a violência legítima. O estado é a comunidade humana que, dentro de determinado território, reclama para si (com êxito) o monopólio da violência física legitima.

Duas maneiras de entender o poder:

i) Algo que alguém tem: uma propriedade, seja um dote natural, ou adquirido.

ii) Algo que ninguém possui como um proprietário, mas algo que só existe enquanto se exerce entre seres humanos. Poder é algo que acontece entre pessoas.

Nosso interesse é na 2ª forma de poder. Por exemplo, o nazismo e o stalinismo levaram ao extremo a idéia de que quem não obedece deve ser eliminado, não tendo o direito de viver!

Como foi possível que o exercício do poder chagasse a este ponto, em nome da justiça, da ordem, do bem comum, em nome da razão? Foi possível por que muitas vezes a democracia ao invés de levar a maior justiça social, leva ao contrário à violência e à corrupção.

O poder como relação entre seres humanos

Filosofia e ciência contribuíram para que chegássemos ao nazismo! Elas não devem ser tratadas como profecias e devem deixar de ser a base para a ação política. Cabe ao filósofo, problematizar (não polemizar), nem apresentar a verdade ou doutrina.

Devemos investigar as relações de poder em que cada um de nós está envolvido, em nossa realidade mais humilde, na empresa, na família, etc. Devemos deslocar o foco de fora para dentro de nós. Assim, segundo Foucault, se não formos capazes de mostrar que é possível mudar nós mesmos em primeiro lugar, se não conseguirmos mudar o exercício de poder em que estamos pessoalmente envolvidos, como podemos pretender que outros venham mudar a situação em que vivemos?

O poder, como tal, não é bom nem mau, mas é algo que simplesmente existe nas relações humanas. Poder não é, portanto, sinônimo de corrupção.

O poder, pois, uma ação de uma pessoa sobre a conduta de outra. Poder não é violência. Assim, só há poder onde há relações entre seres livres. Poder e liberdade caminham juntos. Ambos – quem manda e quem obedece – são livres numa relação de poder. Não se trata de acabar com o poder, mas de mudarmos a forma como é exercido entre as pessoas. É no modo de se exercer o poder que devemos buscar uma relação entre política e ética. Fora do exercício do poder isto não é possível. Não podemos viver sem o poder.

Perigo: Se pensarmos que o poder é algo mal, nós teremos menos capacidade de resistir ao que nos acontece. E se o poder é mau, passamos também a desacreditar que a realidade possa ser mudada.

Quando aceitamos que o poder acontece entre pessoas livres, em que um quer dirigir a conduta de outrem, e em que é sempre possível a resistência, deixaremos de dizer que todos os males se devem aos outros, e não também a quem obedece.

A luta pela ética não será tanto a luta para que as normas sejam seguidas, mas deverá ser a luta para que mantenhamos sempre aberta a possibilidade de sermos mais livres do que já somos. A ética é a pratica refletida da liberdade!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Contribuição para o Fórum de TGA II

A Teoria da Contingência (TC) corresponde a um estudo integrado das teorias anteriores da administração (ADM). Ela é eclética, pois além de considerar contribuições das diversas teorias que lhe antecederam, consegue coordenar os princípios básicos da ADM: as tarefas, a estrutura, as pessoas, a tecnologia e o ambiente.


 
A abordagem contingencial aceitou premissas básicas de outras escolas, mas adaptou-as. Nela nada é absoluto ou universalmente aplicável. Tudo é composto de variáveis sejam situacionais, circunstanciais, ambientais, tecnológicas ou econômicas. A TC explica que não há nada de absoluto nos princípios gerais da administração. Os aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo ajuste entre cada organização, o seu ambiente e tecnologia.

 
A abordagem contingencial coloca o ambiente como fator relevante na estrutura e no comportamento das organizações. De um lado o ambiente oferece oportunidades e recursos, de outro impõe restrições e ameaças à organização. Notemos que a tecnologia é também uma variável importante para o ambiente, dela dependem oportunidades fora e dentro da organização. Cada organização requer sua própria estrutura organizacional dependendo das características de seu entorno e de sua tecnologia. Assim, para a TC, dois grandes desafios para as organizações modernas são o ambiente e a tecnologia.

 
Como acabo de expor, a TC coloca bastante ênfase no ambiente. A empresa é um sistema aberto que vivencia um processo de trocas permanentes com o seu ambiente. Isto faz com que tudo o que aconteça externamente tenha uma influência interna na organização. Em particular, a empresa pública é uma das que sofrem maior influencia do ambiente. Essas pressões se fazem sentir tanto na forma de pressão exercida pela opinião pública, sindicatos, entidades de classe, sociedades amigos de bairro, etc.; quanto por influências climáticas ou sazonais.

 
Como aplicar as formulações da administração por objetivos e a teoria da contingência na administração pública?

 
A reforma administrativa institucionalizada a partir de 1995 no Brasil estabeleceu o ponto de partida para as reformas administrativas em toda a Federação. Conforme podemos acompanhar detalhadamente em CORRÊA, I. M. Planejamento estratégico e gestão pública por resultados no processo de reforma administrativa do estado de Minas Gerais. RAP Rio de Janeiro 41(3): 487-504, Maio/Jun. 2007, foi a partir de então que pôde ser reformada a administração pública mineira.

 
Em Minas Gerais, o planejamento estratégico e a gestão pública por resultados tornaram-se aspectos marcantes do processo de implementação da reforma administrativa e da estratégia política. Correa (2007) mostra que são elementos necessários para a aplicação da administração por objetivos e a teoria da contingência na administração pública:

 
  • definição clara da visão, da missão e das metas do Estado.
  • integração entre planejamento e orçamento.
  • Implantação de um sistema de medição de desempenho organizacional.
  • Integração da sociedade civil e da classe política ao processo.

Quanto ao planejamento estratégico, naquela experiência, foi aplicado o método SWOT (strength, weakness, opportunity and threats). Nos slides, o professor chamou esta forma de planejamento estratégico de FF-OA. O método é aplicado pela análise dos pontos fortes, das fraquezas, das oportunidades e ameaças às quais a organização está submetida.

 

Fica, portanto, evidente que as repostas para as questões propostas neste fórum são todas positivas. É possível aplicar a administração por objetivo, a teoria da contingência na administração pública e implantar planos estratégicos. Ressalta-se, contudo, que esta não é uma tarefa fácil!