terça-feira, 16 de outubro de 2012

Gestão de operações e logística II - Semana 3



(continuação) Gestão de operações e logística II

Semana 3:

A) Desenvolvimento de Novos Serviços:
B) Blueprinting do Serviço:
C) Serviços na Internet:

A) Desenvolvimento de Novos Serviços:

Elaboração de um sistema de prestação de serviços (SPS) é um processo criativo. O projeto de um SPS envolve: localização, projeto e layout de instalações. Estes aspectos devem ser escolhidos de modo a garantir fluxo efetivo de trabalhadores, clientes, procedimentos, equipamentos, etc. Em um sistema de serviços bem projetado, instalações de apoio, bens facilitadores, informações, serviços implícitos e explícitos cooperam harmonicamente.

Inovação em Serviços:

As inovações podem ser radicais (novos serviços) ou incrementais (extensões ou melhorias na linha de serviços = novo produto no cardápio).

Idéias para inovações podem surgir de várias fontes: clientes, empregados da linha de frente, bancos de dados, etc.



Exemplos de novos serviços: esquentador de camas, locação de amigos, etc.

O sucesso das inovações (tecnológicas) depende da aceitação do cliente e do treinamento dos empregados. A contribuição do cliente como co-produtor deve ser considerada ANTES de qualquer mudança.(ex. Caixa eletrônico de banco).

--> 10 Etapas para gerenciar a implantação de novas tecnologias

1) Orientação e educação
2) Análise da oportunidade tecnológica
3) Análise dos requisitos de implantação
4) Especificação funcional
5) Especificação de projeto
6) Planejamento da implementação
7) Seleção de equipamentos e compromissos contratuais
8) Implementação
9) Testes da tecnologia
10) Análise Crítica do resultado.

B) Blueprinting (diagrama para visualização) do serviço:

O diagrama para visualização é um mapa de todas as transações que integram o processo de prestação de serviços.



Classificação dos processos de serviço em termos da divergência:

Baixa divergência = serviços padronizados.
Alta divergência = serviços customizados.




Em um serviço repetitivo há forte tendência à substituição da mão de obra pela automação. Por outro lado, serviços customizados exigem delegação de poder e maior capacidade técnica e analítica por parte do funcionário.

Contato com o cliente:

I) Cliente fisicamente presente

II) Contato indireto (fone, internet, etc.) com Cliente.

III) Sem Contato com o cliente.

Nos bancos ocorrem estas 3 formas de interação.

Abordagens para o projeto de sistemas de serviços

I) linha de produção: Mc Donalds - cardápio limitado permite: velocidade de atendimento (fast food); rotina e padronização.
II) participação ativa dos clientes: autoatendimento: cliente como co-produtor.
III) intermediária: serviço com operações de baixo e alto contato com o cliente. as operações de baixo contato podem ser separadas fisicamente daquelas de alto contato através da linha de visibilidade. Assim, operações de retaguarda podem ser programadas como em uma fábrica.

C) Serviços na Internet:

Além das empresas "pontocom", também os governos podem aproveitar a internet para agilizar e ampliar seus serviços aos cidadãos. Exemplo: www.mg.gov.br

Usos da Net:
I) canal para vendas de produtos ou serviços
II) canal suplementar (ampliação de empresas reais para o mundo virtual)
III) canal de suporte técnico/pós-venda
IV) incrementar serviços já existentes.
V) canal de processamento de pedidos
VI) canal de transmissão de informações
VII) canal de comunicações: formação de grupos
VIII) jogos

Comparação de serviços virtuais e reais:
 
 



Baseado no material distribuído na disciplina

Gestão de operações e logística II ministrada no 2o semestre de 2012 pelos professores:
Aos alunos do curso de administração pública da UFOP

Estes professores basearam suas notas de aula em:
Fitzsimmons & Fitzsimmons, administração de serviços. São Paulo: Bookman, 2005

domingo, 30 de setembro de 2012

Gestão de Operações - resumo das semanas 1 e 2

Gestão de operações e logística II


Semana 1:

A) Serviço x Prestação de Serviços

Serviço é intangível= não é um bem.
Serviço é inseparável= não se pode estocar.
Serviço é heterogêneo = não se pode garantir padrão de qualidade constante.
Serviço é simultâneo = produção e consumo ocorrem ao mesmo tempo.

Prestação de serviço é o ato intangível oferecido a um cliente e que não resulta em um bem.

Organizações podem oferecer 5 classes de produtos:
- bem tangível
- bem tangível acompanhado de serviço.
- híbrido - bem e serviço.
- serviço principal acompanhado de bens e serviços.
- serviço

B) Natureza dos serviços e operações

Industria x serviços: características diferentes.

Serviços (geralmente) são realizados com os clientes presentes no sistema de atendimento. (momentos da verdade)
Industria: operações (geralmente) realizadas isoladas do cliente.

Serviços = centros de lucro                          x                         Industria = centro de custos

Eficiência: capacidade de se obter a maior produção de bens com o menor custo.
Eficácia: cumprir metas.
Efetividade: verifica o impacto das ações.

Classificação de Serviços em Duas dimensões:

Eixo Vertical: intensidade de trabalho.

Eixo Horizontal: interação do cliente e de customização.


C) Composto de Serviços (4 P's ) e agregação de valor

Perfil: local onde é prestado o serviço.


Processos: organização para a execução de serviços e satisfação dos clientes.



Procedimentos: postura dos funcionários em relação à rapidez e eficácia no atendimento, documentação, tempo de espera, etc.


Pessoas: perfil profissional e características dos funcionários, nível de treinamento, competência, relacionamento e imagem que os funcionários têm para a empresa e clientes.
Michael Phelps


Consumidores comprarão da empresa que lhe entregar maior valor!

Valor total para o consumidor (VTC)

Custo total para o consumidor (CTC)

Valor entregue para o consumidor (VEC)

VTC - CTC = VEC

D) O Pacote de Serviços:

Conjunto de mercadorias e serviços fornecidos cujas características são:

-Instalações de apoio.
-Bens facilitadores.
-Informações.
-Serviços explícitos.
-Serviços implícitos.

Apoio + facilita + informa + sexplit + simplit

Exemplo: Hotel

Instalação de apoio: construção de concreto com móveis simples.
Bens facilitadores: sabonetes, toalhas, etc.
Informações: disponibilidade de quartos para reserva.
Serviço Explícito: cama confortável e quarto limpo.
Serviço Implícito: atendente prestativo e a segurança de um estacionamento bem iluminado.

Semana 2

E) Papel central dos serviços na economia

A administração pública desempenha papel de proporcionar ambiente estável para investimentos e crescimento econômico. Serviços como educaçao, saúde, abastecimento de água, energia, segurança são essenciais para a população prospere.

Conceitos Fundamentais: Competência central e Terceirização.

Exemplo: Omo
Competência Central: fabricar sabão em pó
Empregados na fábrica: pesquisa, desenvolvimento, adminstrativos e produção.

Terceirização: funções que não fazem parte da competência central
Limpeza, transporte, armazenagem, vendas e manutenção.

Serviços Públicos: Concessões = governo focando em sua competência central e terceirizando outras atividades. Exemplo: telefonia, estradas, etc.
http://www.cm-odivelas.pt/CamaraMunicipal/ServicosEquipamentos/ApoioEmpresarialEmpregoProjectosCoFinanciados/servicos_essenciais/Imagens/capa_servicos.gif

Estágios da atividade econômica:
Primário = extrativista

Secundário = produção de bens - manufatura, beneficiamento.

Terceário = produtos domésticos - restaurantes, hotéis, manutenção/consertos.

Quaternário = serviços de comércio - transporte, varejo, comunicações, finanças.

Quinário = aperfeiçoamento - saúde, educação, pesquisa, lazer, artes.

Sociedade               Disputa  contra          Atividade principal
Préindustrial                   Natureza             Agricultura/mineração
Industrial                        Tempo                Produção
Pósindustrial                  Pessoas               Serviços

Sociedade                 Trabalho                      Padrão de vida
Préindustrial            Força muscular               Subsistência
Industrial               Oper. De maquinas          Qtidade de bens
Pósindustrial             Intelectual/criativo         Qlidade de vida

F) O setor de serviços no Brasil

IBGE: dividiu os serviços em 7 categorias

Serviços prestados às famílias
Serviços de informação
Serviços prestados à empresas
Serviços de transportes
Atividades imobiliárias
Serviços de manutenção e reparos
Outros


G) Estratégias e Competição em Serviços

Natureza do ato de prestação de serviços
Relação com os clientes
Customização
Natureza da demanda e fornecimento
Método de fornecimento dos serviços

Elementos da visão estratégica de serviços
Segmento de mercado alvo:
Quais são as características comuns dos segmentos de mercado importantes? Quais dimensões podem ser usadas para segmentar o mercado?
Qual a importância dos vários segmentos? Quais as necessidades de cada um? Com que qualidade estas necessidades estão sendo servidas? Por quem? De que forma?

Conceito do serviço:
Quais sáo os elementos importantes do serviço a ser fornecido? Como os clientes percebem o conceito de serviço? Que esforços são sugeridos em termos da maneira pela qual o serviço é: projetado? Fornecido? Comercializado?

Estratégia Operacional:
Quais são os elementos importantes da estratégia? Operações, financiamento, marketing, organização, RH, Controle?
Em qual será concentrado o maior esforço? Como a qualidade e o custo serão controlados?

Sistema de prestação do serviço:
Qual o papel das pessoas? Da tecnologia? Equipamento? Layout? Procedimentos? Qual sua capacidade normal e de pico?

Empresas de serviço competem em um ambiente difícil, pois existem poucas barreiras à entrada de competidores (inovações em serviços não são patenteáveis). Oportunidades mínimas de economia de escala.

Estratégias competitivas em serviços

Liderança global em custos - focalização - diferenciação

Dependendo da competição e das necessidades pessoais, os clientes escolhem um prestador de serviço usando os seguintes critérios:

Disponibilidade
Conveniência
Confiabilidade
Personalização
Preço
Qualidade
Segurança
Rapidez

Ganhadores de serviço: são dimensoes como preço, conveniencia, reputacao. A dimensão ganhadora pode variar.

São vulneráveis para se tornarem perdedores de serviço: confiabilidade, personalização e rapidez




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Afinal, quem é palhaço??

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f3/Tiririca_na_camara.jpg/210px-Tiririca_na_camara.jpg


Ridicularizado quando eleito, o deputado federal Tiririca (PR-SP) deve estar rindo à toa de seus detratores.

Com um desempenho acima do esperado e superior ao de muitos de seus colegas com mais anos de Casa, o segundo parlamentar mais votado da história da nação foi indicado como um dos 25 melhores deputados do ano pelos jornalistas que cobrem o Congresso. 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsOQOSqdnJn2yyt2zeGVqt0Gzkaax0eWW5fcEEWOmDaRHIbXKQ32zQdK0JJbEw49oY6EX8TOJ-doIcX1Nii3XwDNQQOC9qapoAbbzK5Xo47ZaGi-eL7H2qNglz20vmGL1KBAfH-xezUb9m/s400/tiririca-300x397.jpg



O Prêmio Congresso em Foco, em sua sétima edição, definirá os melhores parlamentares em diversas categorias em votação aberta na internet até o dia 8 de novembro. Na eleição entre os jornalistas, Tiririca recebeu 14 votos. Ficou entre os 15 mais votados na Câmara.

 “Para mim, só de estar na lista é uma vitória. Não sou político, estou político. É uma diferença grande. Estou bem pra caramba. E o mais importante: sem deixar de ser eu mesmo aqui”,

contou o palhaço ao site do Congresso em Foco.


Tiririca participou de todas as sessões no plenário da Câmara, foi assíduo na Comissão de Educação e Cultura e está com um projeto de sua autoria que beneficia trabalhadores de circo bem encaminhado na Casa. “Estou superfeliz com isso, mostrando para os meus eleitores que eles não deram voto perdido. Não estou fazendo feio. Não quero decepcionar o povo nem me decepcionar”, afirmou.


Em minha opinião, o desempenho do Deputado Tiririca é um marco. Ele prova que, para ser um bom representante do povo,  basta ser compromissado com este mesmo povo.

Será que agora, aqueles que votaram nos "políticos de carreira", podem comparar o desempenho de seus representantes com o do "palhaço"?

Afinal, quem é o palhaço??

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A greve, o feijão e o sonho Parte 2

GREVE DOCENTE, GOVERNO INDECENTE

28 de maio de 2012
 
http://cacoufpa.wordpress.com/
 
 
A Universidade Federal do Pará não assiste a uma greve de professores há sete anos. E durante todo esse tempo, muito se foi feito para tentar evitar que esta acontecesse. Entre tentativas frustradas de negociações e acordos, em 2011, o Governo Federal se comprometeu com o ANDES – SN (sindicato que representa os professores das Instituições Federais de Ensino) a realizar reajuste salarial de 4% e reestruturação da carreira docente até março de 2012. Descumpriu. E o reajuste dado no final de maio desde ano, com clara intenção de frear as mobilizações docentes, não atendeu a principal reivindicação da categoria: a carreira única, a reestruturação da carreira com a valorização do piso e a incorporação das gratificações aos salários, ou ainda a melhoria das condições de trabalho nas IFES (Instituições Federais de Ensino Superior).

Não é por coincidência que a greve já tem ampla aceitação nacional (até hoje, 43 Universidades estão paralisadas) e se configura como a maior greve dos dez últimos anos. Ao contrário do que propagandeia o governo, a situação das Universidades Federais tem piorado. E não podia ser diferente: devido ao REUNI, as Universidade vêm passando por um processo de expansão sem o aumento proporcional de infra-estrutura e do corpo docente, o que tem ocasionado reflexos bastante problemáticos. Falta sala de aula, laboratório, restaurante e moradia universitária…  Professores tiveram sua carga horária aumentada em até 40% e aumento na relação professor/aluno, gerando salas de aula cada vez mais super lotadas.



Não bastasse isso, só nos últimos dois anos, o governo Dilma (PT) cortou aproximadamente R$ 5 bilhões da educação, enquanto metade do Orçamento é destinada integralmente ao pagamento da dívida pública. Impossível não citar, também, a proposta do Plano Nacional da Educação (PNE) apresentada pelo governo com metas de aplicação de apenas 7% do PIB para a educação até 2020, contrariando as reivindicações do movimento estudantil brasileiro que reivindica 10% do PIB pra educação pública, Já! 

Fica claro, então, o projeto do governo em relação à educação pública do país: a concepção neoliberal que submete os bens públicos a privatizações e parcerias público-privadas e que não prioriza a educação!

E nós estudantes, o que temos com isso?

Toda essa situação tem nos prejudicado muito. Mas não é a greve que nos atrapalha, nem são os professores os culpados por ela. O reflexo de todos os ataques feitos pelo governo é percebido por nós, em nosso dia-a-dia na universidade. As aulas de alguns laboratórios de publicidade estão superlotadas; os equipamentos eletrônicos necessários para a realização dos laboratórios (máquinas fotográficas, gravadores…) são insuficientes e sucateados; corpo docente da Facom tem de fazer milagres para garantir todas as disciplinas obrigatórias de um semestre, e se dividir entre a pós e a graduação.

Toda nossa vivência acadêmica é prejudicada pelo sucateamento das universidades públicas e somos diretamente atingidos pela precarização do trabalho docente, afinal, professores sobrecarregados não conseguem se dedicar como deveriam à sala de aula e muito menos à pesquisa e à extensão.
Por isso, tornamos público nosso apoio e solidariedade à luta dos professores. Por entendermos que lutar pela reestruturação da carreira docente e por melhores condições de trabalho é também lutar pela qualidade da nossa formação, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Nota do Coletivo Enecos Pará e o Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFPA em apoio à greve docente.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O ministro da educação e as greves de professores ou a greve, o feijão e o sonho: Parte 1

A opinião do Ministro da Educação: Aloísio Mercadante Oliva sobre a greve dos professores



Em julho de 1984, o jovem Aloísio Mercadante Oliva era chefe do departamento de economia da PUC de São Paulo e (pasmem) vice-presidente da Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior!!


Em um artigo publicado na revista VEJA daquele mês, ele expôs com brilho as razões que levavam os professores à greve. Ele mostrava as dificuldades de se seguir um sonho quando a única maneira de lutar pelo feijão na mesa é através da greve!








Impressiona que 28 anos depois, o mesmo (?) Mercadante, na condição de Ministro da Educação, tenha se esquecido do sonho de educar com dignidade. 


Talvez, os sonhos tenham se perdido junto com os cabelos rebeldes de outrora...


Visite o link que apresento abaixo e leia as opiniões dele quando ainda sonhava e se preocupava em garantir que os estudantes tivessem uma educação de primeira qualidade, que os filhos dos professores não ficassem sem feijão no prato e que os professores não precisassem ir à greve.


http://poiesisdoire.blogspot.com.br/2012/06/greve-o-feijao-e-o-sonho.html

Boa Leitura,

A História do PT - do nascimento à meia idade

Urgente Aula de História- Lúcia Hippólito, comentarista politica da CBN
 

Aula de História
O  PT

(Lúcia Hippólito)

“O Nascimento” do PT:
 
O PT nasceu de cesariana, há 30 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base. Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
 
“O Crescimento” do PT:
 
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras. O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.

O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto. 

Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros. Tudo muito chique, conforme o figurino.
 

“Maioridade” do PT:
 
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.


A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL. Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto. E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.

Quem ficou no PT?
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas. Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República. Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.

 

É o triunfo da pelegada.

Lucia Hippolito                                 O PERIGO É O SILÊNCIO

PS: As ilustrações foram incluídas pelo blogueiro
 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Caso da Construtora Delta



FAZ DE CONTA

MERVAL PEREIRA
O GLOBO 28/04/2012

Estamos começando a viver um clima de faz de conta mesmo antes de a CPI do Cachoeira começar seus trabalhos de fato. O PT formalmente declara-se disposto a limitar as investigações sobre a empreiteira Delta ao que acontecia na sua direção do Centro-Oeste, cujo diretor já está preso. Como se os métodos adotados naquela região pela empresa nada tivessem a ver com a sua cultura no resto do país.
Ora, a empreiteira tem (ou tinha) obras em praticamente todas as unidades da Federação, sobretudo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e nada indica que seus métodos de ganhar licitações fossem diferentes em Goiás e no Rio de Janeiro, por exemplo.


A relação próxima, quase promíscua, do empresário Fernando Cavendish com o governador Sérgio Cabral e seus secretários, se não estivesse já demonstrada no episódio do trágico acidente de helicóptero ocorrido em Porto Seguro, fica explicitada pelas fotos que o deputado e ex-governador Garotinho postou em seu blog ontem.
A comemoração do governador e vários de seus secretários em Paris com o empreiteiro revela um tipo de comportamento incompatível com o decoro de servidores públicos, além de intimidade suspeita com o empreiteiro responsável por grandes obras no estado.
Nenhum daqueles funcionários públicos provavelmente terá condições de provar que pagou a farra com dinheiro próprio, mesmo que alguns deles, como o secretário de Transportes, Julio Lopes, pudessem ter condições de fazê-lo.
E o secretário de governo, Régis Fichtner, que é o encarregado de auditoria dos contratos da Delta com o estado, nesta fase em que se pretende fazer desaparecer os traços de ligação entre a empreiteira e o governo do Rio, aparece abraçado a Cavendish em uma das fotos, o que o descredencia para a tarefa.
Não é possível fazer de conta que a relação profissional da Delta com políticos de vários partidos e em vários estados não mereça ser investigada quando há claros indícios de que os métodos utilizados no Centro-Oeste não eram específicos apenas daquela região do país onde atuava originariamente o bicheiro Cachoeira.
Também o senador petista Humberto Costa quer fazer de conta que não há as gravações que implicam o senador Demóstenes Torres em diversos crimes e desvios de conduta. Como relator da Comissão de Ética do Senado, que vai julgar o senador amigo do bicheiro, ele diz que não vai usar as gravações por temer que elas sejam desqualificadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que anularia uma eventual decisão da Comissão baseada nelas.
Ora, se não vai se basear nas gravações, presume-se que Humberto Costa vai inocentar Demóstenes Torres, ou então vai condená-lo por ter recebido do bicheiro fogão e geladeira importados como presente de casamento, o que ele já admitiu da tribuna do Senado.
Enquanto seus desvios éticos se resumiam a isso, o senador de Goiás se sentiu em condições de subir à tribuna para se defender, e recebeu apoio de nada menos que 44 senadores de todos os partidos, dispostos a lhe perdoar esse pequeno desvio de conduta.
A situação de conluio com o bicheiro só ficou clara depois que as gravações da Polícia Federal vazadas para a imprensa mostraram o grau de intimidade entre os dois e a atuação do senador em órgãos do governo e no próprio Senado a favor dos interesses de Carlinhos Cachoeira.
A atuação de sua defesa, na tentativa de impugnar as provas obtidas através das gravações, é perfeitamente compreensível, mas não se compreende que seus pares se antecipem a uma decisão da Justiça que está longe de ser consensual e retirem dos autos da Comissão de Ética as provas contra Demóstenes.
Aliás, foi mais uma vez devido ao vazamento de gravações e de dados do processo que a opinião pública ficou sabendo da verdadeira dimensão de mais esse escândalo.
Parece, portanto, mais um faz de conta o empenho do ministro do STF Ricardo Lewandowski para que o processo que ontem pôs à disposição de várias comissões do Congresso não vaze.
O ministro chegou a citar os artigos que punem com a prisão a quebra do sigilo de justiça.
Embora seja esse o papel que lhe cabe, não é possível esquecer que o relatório está com ele há meses e há meses vem sendo vazado diariamente de diversas maneiras, sem que se possa saber as origens dessas informações.
As penas a que se refere Lewandowski em seu ofício ao Congresso se referem àqueles que quebram o sigilo, e já há jurisprudência no sentido de que os meios de comunicação que reproduzem essas informações não são alcançáveis pelas punições, e sim os servidores públicos responsáveis pela preservação do sigilo do processo.
Neste caso como em vários outros que provocaram a demissão de diversos ministros do governo Dilma, foram as revelações da imprensa que escancararam os desvios que estavam acontecendo em diversos ministérios, e sem essas revelações não teria sido possível apanhar os servidores públicos que se desviaram de suas funções.
Mesmo que nenhum deles tenha sido preso ou que os processos sobre seus "malfeitos" acabem dando em nada, pelo menos a opinião pública ficou sabendo o que se passava nas entranhas do governo.
Agora mesmo temos o exemplo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que ficou com a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público em sua gaveta inexplicavelmente sem denunciar o senador Demóstenes Torres ao Supremo, o que só viria a acontecer quando o escândalo estourou e as gravações foram vazadas pela imprensa.
A intenção de quem vaza essas informações e os seus efeitos colaterais que podem favorecer o interesse de partes em conflito no submundo não têm importância diante dos benefícios à sociedade que as revelações trazem.
Assim como o ex-governador Garotinho tem interesse político em denunciar seu hoje inimigo Sérgio Cabral, também o bicheiro Cachoeira tinha muitos interesses em jogo quando fazia suas gravações clandestinas.
Mas a revelação por parte da imprensa ajuda a colocar luz no ambiente público.