quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Weber e as motivações para o trabalho!

Extrai um pequeno trecho do artigo:

Max Weber: o processo de racionalização e o desencantamento do trabalho nas organizações contemporâneas*
 

Hermano Roberto Thiry-Cherques
Revista de Administração Pública — Rio de Janeiro 43(4):897-918, JUL./AGO. 2009


"Os indivíduos trabalham por diferentes razões. Weber distingue quatro motivações analiticamente diferentes para o trabalho: a da ética econômica tradicional; a da ética econômica carismática; a da ética prática racional; e a da ética econômica racional.

A ética econômica tradicional santificava os meios habituais de satisfazer as necessidades humanas. Os trabalhadores imbuídos do espírito tradicional tendem a ver o trabalho como um mal necessário. Por isso, tão logo as necessidades básicas são satisfeitas, desaparece a motivação para o trabalho. Nenhum incentivo material afeta essa situação. Na perspectiva tradicional, menos trabalho vale mais do que ganhos maiores, isto é, dado um aumento na remuneração o trabalhador se dedicará proporcionalmente menos ao trabalho."


Reflita, agora, sobre a "charge" abaixo.


http://conexaojovem830.files.wordpress.com/2011/01/bolsa-familia-duke.jpg
 Na minha opinião, o PT soube aproveitar esta forma (ética econômica tradicional) que a maioria do povo brasileiro tem de encarar o trabalho. 

Se trabalhar é um mal necessário e "menos trabalho vale mais do que ganhos maiores", a distribuição de bolsas-família é uma forma segura de conquistar simpatia e, consequentemente, os votos que asseguram a permanência no poder.

Retomando o texto de Thiry-Cherques



"Na visão da ética carismática, dos “capitalistas aventureiros”, dos “empresários heroicos”, o trabalho é autônomo. A racionalidade é a do fim colimado: em geral o lucro e o poder. Tão logo o fim seja alcançado, a motivação desaparece ou se dirige para um fim diverso."


Esta visão do trabalho traz para a minha memória a imagem do grande Amyr Klink. Este brilhante aventureiro brasileiro sobreviveu a inúmeras aventuras. Atravessou sozinho o Oceano Atlântico em um barco a remo, passou um inverno em um barco preso ao gelo da Antártica  entre outras viagens sensacionais. Em seus livros, além de imagens maravilhosas, ele mostra a importância do planejamento.

Vejamos a resposta do nosso navegador à seguinte pergunta:

”Em qual etapa de todo o processo você ficou mais ansioso e sentiu mais receio?”

Amyr, surpreendendo seu interlocutor respondeu prontamente: “Durante o Planejamento”.

Ainda segundo ele: "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir."



Reparem que suas aventuras retratam o trabalho autônomo focado em um objetivo que, uma vez atingido, perde a motivação até que nova aventura seja planejada.


 Retomando novamente o texto de Thiry-Cherques

A ética tradicional justifica o trabalho em que prevalece o cálculo das vantagens pessoais. O esforço que se volta para a autossatisfação, para a satisfação dos interesses individuais.

Desta vez, ao invés de me lembrar de alguém  muito digno como o Amyr, lembrei-me do vereador Rodson Lima, do PP da cidade de Taubaté. Ele, quando se hospedou em um hotel cinco estrelas do nordeste, com vista para o mar e piscina, para participar de um encontro com representantes do legislativo de várias cidades, vangloriou-se em uma rede social da seguinte forma:

“Nesse momento, estamos hospedados em um hotel cinco estrelas, com uma 'big' de uma piscina e de frente para o mar. Tudo pago com dinheiro público. O povo me dá vida de príncipe”.

se você é de Taubaté lembre-se dele na hora de votar.


Tempos Modernos

Retomando mais uma vez o texto de Thiry-Cherques


A ética econômica racional, correspondente ao “espírito do capitalismo” moderno, toma o trabalho como um dever, uma obrigação positivamente valorada como um fim em si mesmo. Derivada do protestantismo, a sua motivação reside na intensidade e na estabilidade do esforço suficiente para sobreviver aos requisitos e pressões do capitalismo moderno. O trabalho moderno, que começou como disciplina moral voluntária, continuou a dominar as vidas humanas, mas agora pelo mecanismo, não mais pelo sentido. A organização do trabalho e a tecnologia contemporânea encorajam a secularização e o desencantamento do mundo, pois elas expõem cada vez mais campos da sociedade às normas da sociedade técnico-instrumental.  ... A racionalização nos levou à servidão da
máquina,
...

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