segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cronicamente Inviável II - A Busca pela Felicidade?



A reflexão abaixo se refere ao trecho do filme "Cronicamente Inviável" que pode ser visto em:

O personagem Alfredo enquanto assiste ao carnaval da Bahia faz a seguinte reflexão:

“Uma perfeita forma de dominação autoritária, a felicidade! Mas é interessante como ainda se insiste em criticar a Bahia. É claro que é só inveja da genialidade do projeto baiano. Enquanto o resto do mundo se esforça para dominar as massas, seja pelo capitalismo, socialismo, a guerra, a evolução, até o consumo; eles não! Eles só fazem o suficiente para gerar felicidade. Mantém todo mundo pobre, colocam um som pra tocar e pronto! Tudo bem que eles sejam gênios, mas por que aqueles que não querem ser felizes são obrigados a participar? Se todo mundo prefere ficar feliz, por que a gente não desiste de vez da bandeira da ordem e progresso e assume definitivamente esta ficção barata da felicidade moribunda, podre, mijada; essa imagem aprimorada da brasilidade enlatada que é boa pra todo mundo?”


Eu fiquei bastante confuso, como pode a felicidade ser uma tática de dominação? Qual é, afinal, o objetivo da vida? Não seria ser feliz? Entramos nos tortuosos domínios da filosofia! 


Depois de alguma reflexão, ainda sem convicção, conclui que escolher a "esta ficção barata da felicidade moribunda, podre..." é um direito de qualquer indivíduo ou sociedade. Entretanto, esta escolha só será válida se for tomada com a consciência do que se está pagando por ela. Lembrando o curso de Economia;


O processo de tomada de decisão envolve quatro princípios:

Primeiro: as pessoas precisam fazer escolhas, e essas escolhas não são de graça.

Segundo: o custo real de alguma coisa é o que o indivíduo deve despender para adquiri-la, ou seja, o
custo de um produto ou serviço refere-se àquilo que tivemos que desistir para conseguir compensar com
outra coisa.
 
Terceiro: as pessoas são consideradas racionais e, por isso, elas pensam nos pequenos ajustes incrementais
de todas as suas decisões, nos ganhos adquiridos em função das suas escolhas.
 
Quarto: as pessoas reagem a estímulos. Como elas tomam suas decisões levando em conta os benefícios
e seus custos, qualquer alteração nessas variáveis pode alterar o comportamento da sua decisão. Assim,
qualquer incentivo que ocorra pode alterar a conduta do tomador de decisões.


Acho que este último princípio é bastante significativo. Se eu já sou feliz, para que mudar?

É do interesse geral de quantos detenham as posições de mando de sistemas políticos que o processo de aprendizado político dos atores do sistema não produza efeitos que possam ameaçar seriamente o modo de dominação política existente. Inversamente, pode ser do interesse de atores dissidentes que ocorra exatamente o contrário. Este é, em minha opinião, o cerne da questão política, porque ele relaciona aquele processo de aprendizado com o objetivo das reflexões dos cientistas políticos: o estudo do poder.


Para quem será que esta escolha por uma "brasilidade enlatada"  convém?

 






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