quarta-feira, 12 de maio de 2010

Movimento Antropofágico e Verde-amarelismo


Pensando a Cultura Brasileira


 Na disciplina "Seminário de Cultura Brasileira" somos convidados a questionar o que seria a cultura brasileira. É óbvio que, antes de nós, diversas gerações  já se debruçaram sobre esta questão. Um conhecido exemplo dessa situação histórica aconteceu no Brasil, quando um grupo de intelectuais e artistas promoveu a realização da Semana de Arte Moderna, ocorrida nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo.

Um grupo de artistas e intelectuais lutava contra os valores estéticos conservadores e não aceitava a submissão às propostas oriundas da Europa. Esse grupo atacava ferozmente os hábitos da burguesia urbana, que eram fascinados pela moda, pelos hábitos e diversões do Velho Continente. De fato, estes artistas colocavam em xeque a idéia de que o Brasil precisava “copiar” o modelo europeu para que o país tivesse condições de superar seus “atrasos”.

Duas novas vertentes surgiram a partir da Semana de Arte Moderna. A primeira delas apareceu em 1924, momento em que o movimento antropofágico apareceu com a publicação do “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, criado por Oswald de Andrade. De acordo com a tendência antropofágica, a dependência artística e cultural seria resolvida por meio de uma postura inovadora, mas não necessariamente nacionalista. Os artistas “antropofágicos” acreditavam que a relação dos artistas e pensadores com a cultura européia poderia ser revista por meio de um processo de digestão e deglutição das influências estrangeiras. Em outras palavras, os antropofágicos acreditavam que as tendências estrangeiras eram benéficas ao desenvolvimento da cultura brasileira, desde que fossem criativamente reestruturadas de acordo com questões e demandas presentes na nossa cultura.

Em contrapartida, a questão da identidade cultural brasileira também promoveu a ascensão de um discurso mais radical defensor de uma visão ufanista do país. O verde-amarelismo era o representante dessa nova vertente em que a xenofobia seria uma de suas diretrizes fundamentais. Os verde-amarelistas, como Plínio Salgado, defendiam uma valorização irrestrita de símbolos e elementos que fossem puramente oriundos da realidade nacional.

Na década de 1960, o movimento tropicalista assumiu explicitamente a influência desse rico capítulo da cultura nacional.


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